sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Chorão Skate Park conta com os fãs do Charlie Brown Jr. para evitar a demolição da Pista


Chorão Skate Park foi fechado em setembro de 2013 e será demolido.
Fãs do Charlie Brown Jr. e famosos se mobilizam para evitar o fim da pista


Fundada pelo cantor Chorão, morto em 6 de março do ano passado, o Chorão Skate Park, localizado na Rua Almeida de Moraes, em Santos, no litoral de São Paulo, está prestes a ser demolido. Para tentar reverter esse quadro, fãs do ex-vocalista da banda Charlie Brown Jr. estão promovendo um abaixo-assinado com o intuito de evitar que o local seja derrubado.

A pista era alugada e mantida pelo cantor enquanto ele estava vivo, mas foi fechada em 28 de setembro de 2013.

Com a morte de Chorão, o espaço passou a ter problemas por falta de recursos financeiros, o que não permitiu que a pista permanecesse em funcionamento. A família do músico ainda tentou arrecadar dinheiro junto a patrocinadores, poder público e admiradores da banda, mas não conseguiu o suficiente para manter o local aberto.

A proposta dos fãs do Charlie Brown Jr. é apresentar um projeto de lei para que haja a desapropriação do Chorão Skate Park. No site onde é promovido o abaixo-assinado, o texto que pede a adesão de admiradores da banda argumenta que “fundado na necessidade pública, utilidade pública ou interesse social”, o locatário receberia uma “justa e prévia indenização” pela desapropriação da área, o que tornaria legítima a ação.

O local, que funcionou durante nove anos, é uma pista de skate indoor, que era frequentada por skatistas iniciantes, amadores e profissionais. Nela, diversas atividades sociais eram desenvolvidas, como um projeto para que crianças carentes aprendessem o esporte.

O produtor musical, Ayrthon Lopes, o “Boka”, que trabalhou com a banda e era amigo pessoal de Chorão, fez críticas ao poder público, destacando que algo a mais poderia ser feito para evitar o fechamento da pista. “A prefeitura, que poderia intervir, não está nem aí, pelo contrário. Tentamos de tudo, mas está difícil. Falei com o irmão dele, o Fábio Abrão, e ele mesmo me falou que agora está difícil de ‘segurar a onda’. É uma pena”, diz.

Para Lopes, a demolição da Chorão Skate Park é a destruição de um dos maiores sonhos do músico. “O skate foi a paixão dele desde moleque. A pista era a vida do Chorão, além da banda. Conheci o Chorão muito novo e ele praticamente nasceu de skate, como a gente falava brincando com ele. É uma pista que foi frequentada por muita gente famosa. Se eu não me engano, o Bob Burnquist (famoso skatista brasileiro) esteve nela. É a única pista na cidade, não conheço outra. É uma sacanagem, infelizmente. Certamente, onde o Chorão estiver, ele está muito triste com essa situação”, comenta.


Demolição desagrada população

O advogado Francisco Calmon de Britto Freire, de 38 anos, é um dos que assinou a petição. Ele defende que o local não deve terminar deste jeito. “O espaço lá é muito bom, já está montado e a prefeitura poderia usá-lo, fazer uma escola de skate como existia antes ou criar alguma outra coisa ligada ao esporte. Mas, claro, pagando uma indenização por preço justo pela desapropriação. Creio que seria uma boa solução para todos”, afirma.

A maquiadora profissional, Danielle Amorim Freitas, de 27 anos, também critica a demolição da pista. “Achei triste algo que ele idealizou e fez pelas crianças, pelos adolescentes, ser destruído desta forma. Penso que é um absurdo, já que a prefeitura poderia fazer tanta coisa, mas não tem ajudado”, opina.

Já o analista de sistemas, Daniel Benetti, de 32 anos, é outro a questionar a falta de iniciativa do poder público para resolver a questão. “Eu não era um grande fã da banda, mas eu respeitava muito o Chorão. Como a pista é de utilidade pública e, por sinal, o trabalho era muito bem feito, ela poderia perfeitamente ser administrada pela prefeitura. Ele representava muito bem a cidade e sempre fazia questão de falar que era de Santos. Seria um tipo de homenagem justa”, pondera.

O objetivo do abaixo-assinado era, inicialmente, arrecadar 50 mil assinaturas, mas a meta é chegar aos 10 milhões

Apoio de famosos


O cantor Tico Santa Cruz, da banda Detonautas Roque Clube, tem procurado dar a sua contribuição para reverter o quadro. "Quando eu soube dessa situação, desde a primeira vez, logo depois que o Chorão morreu, vi essa mobilização e tenho tentado ajudar de alguma maneira. O Chorão não era só o cara que eu admirava, eu o reverenciava como artista, até porque nós tivemos muito pouco contato, não cheguei a ser amigo pessoal dele. A nossa relação era mais do ponto de vista de quem era fã da música do Chorão e, em cima disso, me sensibilizei com essa questão, que era um sonho de vida dele. A minha função é tentar fazer ecoar essa voz dos fãs, canalizar essa energia, para a chamar a atenção da opinião pública, porque essa tem sido uma grande luta da família dele e do pessoal que gostava do Chorão", conta.

No entanto, o vocalista lembra que o impasse envolve a proprietária do espaço. "Não estou tomando a frente de nada, estou apenas tentando ajudar a a resolver o problema, fazendo a parte que me cabe, pois é algo que eu acredito que era uma grande iniciativa social. Porém, esse problema envolve interesses privados e públicos", argumenta.

Tico manteve contato com o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, e vê o governo municipal disposto a tentar solucionar a questão. "Fui atendido imediatamente pelo prefeito Paulo Alexandre e, desde o primeiro momento, ele me falou que a prefeitura havia sinalizado para a família que não seria possível assumir a pista, que é privada. Mas ele tem tentado resolver o imbróligo junto a proprietária. É uma situação delicada, pois caso a demolição seja revertida, ainda seria necessário saldar a dívida. Não é algo simples, mas a ideia seria ganhar um tempo maior para isso. Eu mesmo me propus a buscar ajuda nesse sentido, com empresas interessadas em manter o local", explica.

O músico espera que uma resolução aconteça em breve. Tico Santa Cruz ainda confia que um desfecho positivo é possível. "Falei com a secretária do prefeito e depois ele me mandou uma mensagem, avisando que vão entrar em contato novamente com a dona do terreno, nesta sexta-feira (10). Recebi a informação de que um funcionário da prefeitura conversou com o advogado dela nesta quinta (9). Estão tentando reverter a situação. Então, agora espera-se que seja possível que as partes envolvidas repensem isso, mesmo com o processo para a demolição bem adiantado. Isso vale como uma atitude social mesmo, além de uma compaixão pelo que foi feito, que era o sonho de um artista, que representou muito bem a cidade. Temos a prefeitura do lado e estamos tentando algum resultado com a mobilização popular. Ainda acredito que podemos tentar resolver isso", conclui.


Fonte: G1

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