sábado, 24 de janeiro de 2009

A evolução das marcas urbanas


A MODA E O HIPHOP

Essa coluna mostra como as coisas começaram a "acontecer" para as marcas de street wear se tornarem o sucesso que são hoje, com destaque para a Sean John. Pois é, você pode até duvidar que ele escreva as rimas, mas com certeza P. Diddy assina os cheques (e recebe também)... Acho importante mostrar com isso se deu, porque já existem algumas marcas brasileiras de street wear crescendo e pretendo mostrar isso aqui na coluna também.

Mudando completamente de assunto... Se me permitem, gostaria de indicar o novo filme do gênio Spike Lee "Última noite", com Edward Northon e Rosário Dawson (maravilhosa). É fabuloso.

Moda e hip-hop têm andado lado a lado. Talvez o hip-hop até ande um pouco à frente, já que nossas roupas dizem muito sobre quem nós somos e a mensagem que queremos passar. A moda está sempre carente de novidades – novos looks, novas músicas, novas faces. E temos contribuído muito com isso.

Muitas das companhias hoje consagradas, como Karl Kani, FUBU, Walker Wear, PNB, Triple 5 Soul e Ecko, começaram suas produções com pouquíssimos recursos e o mínimo (ou nenhum) conhecimento da indústria da moda; mas sempre motivadas pelo fato de que a indústria já copiava nosso estilo, porém não atendia às necessidades reais da comunidade do gueto. Além disso, essas marcas já tiveram suas cabeças à prêmio diversas vezes: mesmo com toda a dificuldade pra produzir a coleção, pior ainda era conseguir distribuí-la. Isso porque as lojas de departamento não entendiam (ou não queriam entender) o que o pessoal do hip-hop tentava fazer, além de achar que essas roupas eram de "2ª linha", e não poderiam dividir o mesmo espaço com outros produtos. Daí as marcas tiveram de se virar, inventar seu próprio espaço para expor suas roupas. E hoje, ironicamente, o URBAN STYLE nunca esteve tão no topo...

E o "top dos tops" é, sem dúvida, P. Diddy e sua Sean John. Os designers da marca criaram a 1ª coleção de hip-hop de "alta-moda", sendo a única no gênero a obter lugar garantido na Semana de Moda de NY.

Tudo começou em 1998. A marca cresceu rapidamente, faturando nada menos que 215 milhões de dólares em vendas no último ano. Além disso, no início de 2003 ele apresentou sua 1ª coleção feminina. Atualmente, P. Diddy participa "efetivamente" da criação: "Minhas idéias dão a direção inicial ao trabalho. A partir daí, o pessoal adiciona suas próprias idéias. Eu ainda não sou expert, mas com o tempo estou melhorando...", diz. E a última coleção causou verdadeiro frisson no mundinho fashion. O desfile da Sean John foi ovacionado pelo mundo da moda e seus mais importantes representantes. "Fico feliz porque esta foi a 1ª vez que os "fashion editores" realmente se interessaram e reconheceram nosso trabalho. Antes disso, era algo como ‘seu desfile foi ok, mas onde será a festa?’. Desta vez, deram destaque ao trabalho, as pesquisas, a fabricação e ao desfile em si".

No Brasil, já existem algumas pessoas que começam a visualizar isso. E algumas marcas começam a se destacar, o que será o assunto das próximas matérias.

Como disse Mikhayel Tesfaye, designer que trabalhou para MECCA, FUBU e Phat Farm, Os jovens do gueto sempre demonstraram criatividade, sempre tiveram a habilidade para elevar e mudar as coisas de tal forma que nenhum estilista foi capaz até hoje. E é exatamente por isso que eles dominam a moda agora.

Tudo na vida é um ciclo. O mundo da moda não é diferente. Prova disso é o que aconteceu na déc. passada e volta a acontecer agora. Nos anos 90 as "super marcas" começam a explorar uma fatia promissora do mercado e que até então não tinha despertado interesse: jovens negros dos guetos.

Tommy Hilfiger passou a utilizar modelos negros junto a brancos e a bandeira dos EUA de fundo, explorando uma imagem de sociedade ideal. Redesenhou roupas, adotando mais diretamente o estilo hiphop (cores mais fortes, roupas maiores e mais largas).

A Nike foi além, se "apossou" do estilo e atitude dos negros do gueto e adotou uma prática que eles definem como "BRO-ING", que nada mais é que enviar uma equipe de marketing chegar nas quadras de basquete da periferia e dizer "E aí, BRO, o que você acha desse tênis, dessa calça, dessa camiseta?". É ridículo, mas é verdade. E funcionou. Tanto que hoje a Nike desenvolve centros de recreação pra periferia, promovendo campeonatos e "testando" seus produtos.

Mas o caso mais notável é da Adidas, que nunca teve a menor intenção de desenvolver agasalhos e tênis pra vender à um público pobre ou preto. Caíram de "gaiato" e se deram bem. Tudo aconteceu quando Russel Simmons, presidente da Def Jam procurou executivos da Adidas em busca de patrocínio, já que RUN DMC além de vestir Adidas dos pés à cabeça, ainda gravaram o hit "My Adidas". Os caras da Adidas não deram a mínima. Foi então que Simmons teve "A IDÉIA": convenceu os executivos à assistirem ao show. E na hora H, quando o grupo cantava My Adidas, uns dos integrantes gritou "Ok, todos balançando seu Adidas agora" e enquanto 3 mil pares de tênis balançavam no ar, os executivos sacavam o talão de cheques numa rapidez espetacular e o final da história todos conhecem.

Hoje, marcas consideradas "inacessíveis" à pessoas comuns, ganham bilhões desenvolvendo coleções mais "cool". Vejam D&G, de Dolce Gabbana, tem boinas, bonés, testeiras, pulseiras e até bandanas. A Dior, há 2 coleções "escureceu" as modelos, colocou dreads nas mesmas e usou trilha sonora de Rap. Louis Vuitton tem viseiras e mochilas. E em qualquer desses desfiles, a 1ª fila sempre é composta pelo povo do Rap. Mary J., P.Diddy, Lil' Kim, Eve são figuras carimbadas. Damon Dash (ROCAFELLA) é amigo de Gisele Bunchen e companhia.

Tudo por causa do HIPHOP...



redação - por: Patrícia de Jesus

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