segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

#RapBr - Em entrevista Emicida diz: Queremos ser pirateados


O que eles querem é arrebatar público para os shows. A barraquinha de camelô acaba prestando um serviço de divulgação, oferecendo o material desses artistas a um público mais abrangente. Perder parte da arrecadação das vendas de CDs, nestes casos, pode ser um bom negócio: funciona como instrumento cultural ao permitir acesso e projeção. E alguns artistas não têm medo de dizer: querem mais é ser pirateados.


O rapper Emicida ainda vai além. Gosta mesmo é de ser reconhecido por esses vendedores ilegais. Na visão dele, a pirataria é uma espécie de MST (Movimento Sem Terra) da reforma agrária musical que ele deseja fazer.


“A pirataria é nossa foice, a ferramenta pra lutar contra a forma incorreta da distribuição musical no país. Nossas músicas chegam até as pessoas através desse mercado negro, seja ele físico ou virtual. No meu caso, foi fundamental.”


Emicida começou a ganhar fama graças aos vídeos caseiros que eram feitos durante as batalhas de rap de que ele participava - e vencia. “Na época em que vivemos, não tem sentido sair por ai cantando piolho de quem coloca meus vídeos e discos na internet ou vende em barraquinha. Quero mais é ser pirateado mesmo.”


Seu primeiro CD foi feito na unha. Para divulgar o trabalho, Emicida criou a Laboratório Fantasma. Dentro de casa, e com a ajuda do assessor, Evandro Fióti, eles gravavam, copiavam, embalavam e vendiam os discos nos shows. O que inicialmente era apenas uma gravadora de fundo de quintal, hoje caminha para virar um selo de rap.

"Comecei pirateando a mim mesmo. É a maneira que encontrei de fazer a coisa da forma que julgo correta. Vendo minha discografia nos shows por cinco reais. Com o salário mínimo que temos, cobrar 15 reais eu já acho que é dar bica na cabeça das pessoas."


Outro expoente do rap, Criolo, também parece dar de ombros à venda - legal ou ilegal - de discos. Para garantir que seus fãs lotarão as casas de shows não apenas para cantar a já conhecida “Cálice”, releitura da música de Chico Buarque, ele colocou o álbum completo em seu site pessoal para ser baixado de graça.

“Acredito que disponibilizar o disco pra download ajuda a diminuir a distância entre o público e a música que faço”,diz.

Fonte: Hip Hop Diario

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